Como aconteceu
comigo e com muita gente com a qual conversei, o caminho simplesmente aparece e
a vida nos dá sinais de que está na hora de fazê-lo. Seja por um livro, filme,
blog, relato de amigo, de amigo de amigo. Não importa. O importante é prestar
atenção nesses sinais e decidir, de fato e de coração.
Ao contrário de
algumas pessoas, nunca havia passado pela minha cabeça fazer o Caminho de Santiago.
Admito, com as poucas informações que eu sabia, de certa forma também achava
que era algo para velhos e/ou relogiosos. Tampouco tinha lido o livro do Paulo
Coelho, o que várias pessoas me perguntavam quando descobriam que eu era
brasileira. Comigo foi assim:
Um grande amigo
meu, o Luis, estava viajando pela Europa. Beleza. Eu não fazia ideia de onde
ele estava, nem por mais quanto tempo ele iria permanecer lá. Quando decidi ir
para a Europa e comprei a passagem, avisei o Luis. Ele se empolgou na hora,
contou que estava fazendo o Caminho de Santiago e que naquela semana tinha
pensado muito em mim (a semana que comprei a passagem). Disse que o caminho era
a minha cara, feito pra mim, que eu tinha que fazer.
“Todos os dias lembro que tu ia amar isso que eu tô fazendo. Caminho de Santiago de Compostela. Pensa nisso. Sério, vai mudar tua vida”.
A semente da
idéia foi plantada. Eu não tinha muitas coisas programadas para essa viagem,
resolvi deixar fluir e ver se eu teria vontade e tempo de fazer o caminho ou
não.
Durante a viagem, eu tinha muitas dúvidas porque essa história de turismo também é bem legal. Eu entrei na onda de conhecer novos países, cidades e culturas, além do que eu já tinha passado um bom tempo na Espanha. Algumas pessoas me diziam “O que que tu quer caminhar pra conhecer micro cidades da Espanha? Vai pra Londres, pra Itália, pros lugares que tu ainda não conhece. Tu tá na Europa!”. Por outro lado, eu pensava que queria uma experiência forte pra trazer de volta na bagagem, que pudesse mudar um pouco a minha vida ou pelo menos a forma com a qual encaro ela.
Quando chegou o
momento no qual eu precisava decidir se faria a peregrinação ou não, uma
incrível sincronicidade aconteceu em Amsterdam e me fez decidir. Sabe quando dá
tudo errado? Ou melhor, quase tudo errado, pois sempre pode piorar? É, minha
passada por Amsterdam foi mais ou menos assim. Fui mal interpretada (o couch
surfing achou que, na verdade, eu queria era dormir na cama dele e não no sofá),
meu dinheiro em espécie acabou, o cartão para sacar dinheiro não estava
funcionando e foi engolido por um caixa automático... Esses perrengues aos
quais estamos sujeitos em uma viagem e que nos obrigam a ter idéias criativas
pra resolvê-los (e/ou sentar e chorar).
O importante é
que, em meio ao caos, conheci um brasileiro no saguão do hostel que tinha
terminado o Caminho de Santiago na semana anterior. Disse que foi a melhor
coisa que ele já fez na vida. Passamos um dia inteiro juntos conversando sobre
o caminho. Coincidência ou não, era o sinal que eu precisava pra decidir. Pronto,
agora era só se preparar para a caminhada!
Muito legal teu depoimento, tua intuiçao vai ser importante durante todo o Caminho!!!
ResponderExcluirMuito grata Marco Aurélio! Com certeza! A intuição, a voz do coração, é o melhor guia para o caminho. E para a vida! :)
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